Fernanda Carvalho
Educação e Violência

Fernanda Carvalho da Hora

“... condenado a pedir perdão diante da porta principal da igreja de paris onde devia ser levado e acompanhado numa carroça, nu, de camisola, carregando uma tocha de cera acessa de duas libras; em seguida, na dita carroça, na praça de greve, e sobre um patíbulo que ali será erguido, atenazado nos mamilos, braços, coxas e barriga das pernas, sua mão direita segurando a faca com que cometeu o dito perricidio, queimada com fogo de enxofre, e às partes em que será atenazado se aplicarão chumbo derretido óleo fervente, piche em fogo, cera e enxofre derretidos conjuntamente, e a seguir seu corpo será puxado e desmembrado por quatro cavalos e seus membros e corpo consumidos ao fogo, reduzidos a cinzas, e suas cinzas lançadas ao vento.” (Foucault, 1975 p. 9).

Esse pequeno relato de punição citado por Foucault, mostra que os processos educacionais utilizados no século passado eram agressivos e buscavam educar de forma violenta a comunidade, mas com o passar dos anos estes métodos se modificaram. De certa forma, devido à brutalidade inserida neste processo educacional afetava aos olhos e ouvidos da população, mas perdera a sua eficiência e os crimes continuaram acontecendo. Educar não é fácil e associar essa educação à violência não ajuda no trabalho de formação deste ser social. No caso deste relato foi o assassinato que um filho cometeu contra o pai.

Ao realizar o processo educacional de forma violenta, o caminho pela busca de soluções da cólera social fica mais intenso e complexo. Acredita-se que devem ser debatidas idéias para transformação do conjunto através da educação e, se os mesmos não ocorrerem não há necessidade do pensar a construção de novas alternativas para a melhoria da violência sócio educacional.

A violência não tem uma definição especifica, por este motivo, as práticas educacionais de conscientização ou construção de uma sociedade qualificada, outrora estiveram voltadas para os castigos corporais e psicológicos, pois, acreditava-se que os efeitos dos castigos permaneciam por muito tempo, reduzindo o índice de crimes cometidos pela sociedade vigente. Pesquisas realizadas por muitos anos revelaram que a educação que tem com base atos violentos, pode afetar a saúde pública deixando na escuridão o antagonismo de uma sociedade composta pela educação violenta, que é uma sociedade de paz.


A violência utilizada como prática educacional causa no individuo o ato de negar o outro, ou seja, a violência em suas diversas faces promove de certa forma o individualismo social. Este conceito é inerentemente dirigido pelo julgamento social, e não por padrões sociais mutáveis ou pela ciência empírica, o que torna difícil a obtenção de consenso do que é educar e quais as formas de realizar esse processo educacional não violento.
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